quarta-feira, 24 de março de 2010

Trecho do 4º capítulo: "Pra frente, Aguillar!"

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O faro aguçado do profissional o levou ao cine Art Palácio, onde aconteceria a estreia do filme Ao Balanço das Horas (Rock Around the Clock). Com a câmera a tiracolo, se encaminhou para a Avenida São João, sem imaginar o que veria. Era 1958.

Em imagens preto e branco, Bill Haley & His Comets tocavam a frenética canção-título, fazendo os jovens atores dançarem como doidos no salão. Do outro lado da tela, os rapazes de topete e as garotas com calças justas não queriam ficar somente assistindo! Quem pode permanecer sentado ao som do rock’n’roll? Eles queriam imitar. Sem pudor, alguns deles começaram a pular sobre as poltronas, gritando e cantando. E incentivaram os mais tímidos a seguirem seus passos. Mas ainda era pouco. Para abrir de vez a “pista de dança”, arrancaram os acentos e fizeram um baile dentro do cinema!

A confusão foi tanta que o governador, Jânio Quadros, tomou providências drásticas, mandando deter os arruaceiros. Assim, o Juiz Aldo de Assis Dias baixou uma Portaria proibindo o filme para menores de 18 anos. “O novo ritmo divulgado pelo americano Elvis Presley é excitante, frenético, alucinante e mesmo provocante, de estranha sensação e de trejeitos exageradamente imorais”, dizia o texto.

Enquanto clicava a “baderna”, completamente envolvido com tudo aquilo, Aguillar se deu conta de que queria fazer parte do movimento musical jovem que acabava de chegar ao Brasil. O Art Palácio ficou destruído, mas a carreira do comunicador só estava começando.
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