quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Trechos do 2º capítulo: "À sombra do rei"

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Quando Maurício compara as gerações, a juventude dos anos 60 com a do tempo presente, percebo seu tom crítico aos valores atuais. O superficial de hoje versus o sentimento do passado. Onde estão as emoções?

O que os anos dourados deixaram de mais forte para o músico é o romantismo. Não somente aquele de homem e mulher, mas, principalmente, relacionado ao respeito pelo próximo. “Gritar com um professor na classe era um crime, acho que inafiançável. Ele era o segundo pai de família praticamente. Agora há pouco fiquei sabendo de um aluno de deu um tapa em uma professora porque ela pediu para ele tirar os pés da mesa. Não existia essa violência antes!”

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Aos 14 anos, em seu quarto, o adolescente colava os ouvidos ao alto-falante da Hi-Fi Standard Electric enquanto a vitrola tocava algum novo rock de Elvis. Não deixava escapar uma nota sequer, agarrando a música tão forte como se quisesse absorvê-la. Nem imaginava o seu dom nato para a carreira.

Assim, várias vezes Maurício ouvia Heartbreak Hotel e se imaginava no colégio, tocando com um colega para fazer bonito para as meninas. Com o “tararará-tarara, tararará-tará” da guitarra de Scotty Moore nesta canção, acompanhada de Elvis, se via com um baixo nas mãos e as garotas gritando enlouquecidas.

– Meu único atrativo era o musical. Hoje faço justamente isso.

– E as meninas continuam gritando? – provoco.

– É, elas gritam de raiva, mas gritam – faz charme.
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